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Esta empresa implementou licença-paternidade de seis meses

Diageo mapeou a proporção entre homens e mulheres em todos os departamentos e estabeleceu medidas como licença-paternidade de seis meses

Por Erica Martin
Atualizado em 15 dez 2020, 08h51 - Publicado em 19 Maio 2020, 06h00
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  • Segundo a pesquisa Panorama Mulher, realizada pelo Insper em parceria com a consultoria de recrutamento Talenses em 2019, o índice de empresas comprometidas com a equidade de gênero caiu no Brasil. Em 2018, 54% das companhias consultadas tinham alguma política para disseminar a igualdade. Um ano depois, o número despencou para 44%. A Diageo, fabricante inglesa de bebidas como Smirnoff e Johnnie Walker, está na contramão dessa tendência.

    O assunto ganhou evidência há três anos, quando as mulheres representavam só 35% de um total de 718 profissionais. Em cargos de liderança, eram 36%. “Além de ser a coisa certa, entendemos que companhias com equidade de gênero têm melhores resultados, mais inovação e maior representatividade entre os consumidores”, afirma Tatiana Sereno, diretora de RH.

    Mas a missão não era fácil, até porque o setor de bebidas alcoólicas conta com forte presença masculina, sobretudo em fábricas e áreas comerciais. Na Diageo, a proporção de mulheres nesses departamentos era de 23% e 27%, respectivamente. “É um segmento difícil de quebrar preconceitos, mas precisávamos fazer isso”, diz a executiva.

    A SOLUÇÃO

    Uma das primeiras iniciativas da Diageo no Brasil foi identificar áreas nas quais o volume de homens e mulheres era desproporcional. O pontapé ocorreu dentro de recursos humanos, que tinha 97% de mulheres. “Uma das primeiras ações foi contratar homens para o RH, porque era simbólico falar às pessoas que a equidade vale para os dois lados”, diz Tatiana.

    O movimento no departamento, que hoje tem 40% de homens, tomou conta da alta gestão, responsável por reverberar a ideia. Como não dava para mudar a proporção de gênero de uma hora para outra, os passos foram contínuos e consistentes. “Passamos a recrutar mulheres para que, assim que houvesse vagas, existissem profissionais aptas a ocupá-las”, conta a RH.

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    Outro desafio foi engajar os funcionários para que entendessem a relevância do tema. Para isso, criou-se um comitê de diversidade, que hoje conta com 25 empregados de diversas áreas — 12 homens e 13 mulheres. “São eles que decidem e escolhem as pautas que querem trabalhar, pois sabem das dores e precisam de autonomia para fazer as coisas acontecerem na companhia.” Funcionários da área de marketing que integram o comitê, por exemplo, desenvolveram em 2019 uma campanha externa na qual o famoso homem caminhante do logo do Johnny Walker andava ao lado de diferentes tipos de pessoas. A peça, veiculada na TV, nas redes sociais, em pontos de ônibus e em relógios eletrônicos de rua, explorava a diversidade no progresso.

    “O avanço não é promovido só por um homem, mas por todos, independentemente de sexo, gênero e nível social”, afirma Tatiana. Outra iniciativa, iniciada em julho do ano passado, foi dar direito a homens e a casais homoafetivos à licença-paternidade de seis meses. “Se passava na cabeça de um líder não contratar uma mulher porque talvez ela pudesse ficar grávida, hoje isso não ocorre mais, porque agora todos têm o mesmo direito.” Em 2019, a empresa também se tornou signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, na sigla em inglês), da ONU Mulheres, oficializando o compromisso de promover a igualdade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho.

    O RESULTADO

    Após três anos de ações, a representação feminina entre os funcionários passou de 35% para 39%. O impacto foi maior na liderança — onde as mudanças ocorreram primeiro. Ao levar em conta todos os chefes, o número de mulheres saltou de 36% para 45%. Entre os profissionais que fazem parte do time executivo, elas hoje representam 40% — anteriormente a fatia era de 18%. A área de vendas também teve um aumento de presença feminina: de 23% para 39%. Avanço que também foi sentido na fábrica da Diageo, localizada no Ceará, onde o percentual de mulheres cresceu de 27% para 34%.

    “Passamos a levá-las a posições que eram tipicamente masculinas, como supervisoras de linha e motoristas, em marcas como a Ypióca”, diz Tatiana. Graças a essas iniciativas, a Diageo no Brasil saltou de 11o lugar, em 2018, para a primeira posição do Relatório e Classificação Global de Igualdade de Gênero 2019, da Equileap, organização que promove o aumento da presença das mulheres no ambiente de trabalho.

    Mesmo com o saldo positivo, a companhia olha para a frente. Entre os sucessores mapeados para ocupar cargos de gerente sênior, por exemplo, 53% são mulheres. “Não adianta ter ações de curto prazo. É preciso garantir que, no longo e no médio, a representatividade continue acontecendo”, diz a RH.

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    Esta matéria foi publicada na edição 67 da revista VOCÊ RH, de abril/maio. 

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