pesar de adotados com sucesso por mais empresas nos últimos três anos, os modelos flexíveis de trabalho ainda são um tabu no mundo corporativo. É o que indica a quarta edição da Pesquisa de Trabalho Flexível e Remoto, da consultoria Mercer, com profissionais de RH de 365 empresas.
O levantamento mostrou que 61% das companhias não fazem pesquisa entre os funcionários para saber qual modelo de trabalho eles acham mais adequado e 63% consideram que a flexibilidade aumentou a rotatividade. “Nos nossos estudos, até o momento não identificamos que o trabalho remoto afete o turnover — já a falta dessa modalidade, sim”, afirma Antonio Salvador, diretor executivo de carreira da Mercer Brasil. “Temos que expandir essa forma de pensar, pois o modelo de trabalho impacta também a atração de profissionais. Como vamos manter os melhores talentos? Não faz sentido perder produtividade e desacelerar a empresa porque queremos ver as pessoas trabalhando no escritório.”
Um dos principais desafios da adoção do trabalho remoto e híbrido é vencer a resistência da liderança: 76% não confiam na produtividade dos funcionários que atuam à distância e 61% dizem que os gestores não aceitam bem o modelo. Os dados mostram ainda que o excesso de reuniões é o que torna o trabalho remoto inviável na opinião de 66% dos entrevistados, 51% citam dificuldades no acompanhamento de profissionais em início de carreira e 52% alegam que a cultura organizacional é o maior impeditivo.
“Esse assunto vai parar de ser pauta, e as novas gerações vão encontrar nossos estudos e artigos e pensarão como nós vivíamos sem isso no passado”
Antonio Salvador, diretor de carreira da Mercer Brasil
“Esse tipo de inovação na forma do trabalho não pode ser conduzida de forma unilateral”, diz Antonio. “Temos que ouvir as pessoas e buscar o equilíbrio do trabalho mais adequado para aquela função, levando em consideração a cultura da empresa, o tipo de trabalho de cada profissional ou equipe, o momento em que a empresa se encontra e qual é o futuro do negócio.”
Resquícios da pandemia
Segundo o levantamento, apenas 22% das empresas fizeram alguma pesquisa para entender como a pandemia afetou o bem-estar e a saúde mental dos funcionários. Entre as que colheram essas informações, os principais achados foram:
86% ansiedade;
47% depressão;
36% aumento do sedentarismo;
21% compulsão alimentar;
15% aumento do consumo de bebidas alcóolicas;
11% outros.
* 79% citaram que o clima organizacional melhorou
* 69% citaram a melhora na contratação de novos funcionários
* 63% citaram diminuição do turnover
* 40% citaram aumento no desempenho
* 30% citaram diminuição do absenteísmo
“A resistência vai deixar de existir um dia, assim como aconteceu com outras grandes mudanças do passado”, afirma o executivo. “A força de trabalho digital e as novas gerações estão puxando a corda para diminuir o tempo de duração dessa resistência. Esse assunto vai parar de ser pauta, e as novas gerações vão encontrar nossos estudos e artigos e pensarão como nós vivíamos sem isso no passado”, finaliza.