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Isis Borge

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Quiet quitting: o que realmente está por trás da demissão silenciosa

Cada vez mais gente está disposta a fazer apenas o estritamente necessário para não ser demitido. Saiba por quê

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
30 set 2022, 08h58
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    os últimos meses, a expressão quiet quitting ganhou destaque na mídia. Ela se refere ao movimento de pessoas que dizem estar fazendo o mínimo possível em seu emprego, apenas o estritamente necessário para não serem demitidas. É fazer apenas o que está estabelecido no contrato de trabalho — nem mais e nem menos. Se pesquisarmos nas mídias sociais encontraremos, inclusive, uma série de vídeos de pessoas relatando que estão propositalmente nesse movimento.

    É interessante pensar que essa dinâmica é o oposto do que, usualmente, as pessoas relatam em entrevistas de emprego, quando todos vendem a imagem de que estão se empenhando ao máximo em busca de um maior crescimento profissional. O que está por trás desse comportamento é, na verdade, a busca por uma vida com mais equilíbrio de carga horária de expediente e uma melhor saúde mental. As pessoas que se dizem oficialmente adeptas desse movimento de fazer o mínimo possível deixam claro que não acham que o trabalho no qual estão vale o esforço de energia para darem um pouco mais de si mesmos.

    O movimento surgiu com Zaid Khan, um engenheiro de 24 anos, que vive em Nova York. Nos seus vídeos no TikTok, ele passou a explicar o objetivo de desempenhar suas funções, mas sem seguir a mentalidade de que o trabalho deveria ser sua vida. E se pesquisarmos nas mídias sociais, principalmente no TikTok, existem milhares de pessoas seguindo os mesmos conceitos. Nas redes sociais, as pessoas dizem que trabalham durante a carga horária prevista no contrato de trabalho, sem fazer horas extras e sem cumprir um ritmo que possa causar um desequilíbrio.

    O tema divide opiniões. No meu entender, é saudável buscar eficiência para que possamos trabalhar dentro da carga horária pré-estabelecida. Não é saudável passar anos e anos fazendo longas jornadas. Precisamos, de fato, conseguir ter mais equilíbrio em nosso dia a dia. Mas nem sempre conseguiremos, de fato, trabalhar apenas no horário comercial. Há fases em que temos mais trabalho, em que é preciso dar um gás a mais.

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    Em contrapartida, ao meu ver, fazer apenas o mínimo previsto em contrato de trabalho não me parece bom para alguém que queira uma progressão na carreira. Apesar de ser um termo da moda, eu vejo que é uma postura que sempre existiu, seja consciente ou inconsciente, e acredito que está ligada ao fato de as pessoas não estarem felizes em seus trabalhos.

    Acredito que parte das pessoas que aderem a um movimento como esse estão, na verdade, desconectadas do próprio trabalho. A desconexão pode ser com a empresa em si, o propósito da atividade, o líder ou a equipe. Por isso, recomendo que, em vez de simplesmente aderir ao quiet quitting, o profissional avalie se não faz mais sentido fazer uma mudança no rumo da carreira.

    Um fator que pode estar por trás da quiet quitting é a dinâmica de escolher uma profissão, um cargo ou uma empresa para trabalhar sem pesquisar profundamente os prós e os contras dessa escolha, priorizando apenas a recompensa financeira. É fato que as pessoas escolhem as profissões quando ainda são muito jovens e sem muitas informações a respeito das mesmas, mas podemos e devemos sempre nos manter atentos a cada passo que damos.

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    Também entra nessa pauta o conflito geracional. As gerações mais novas já ingressam no mercado tendo em mente um pensamento diferenciado com relação ao significado do trabalho e ao impacto da profissão em suas vidas. Com isso, cresce também o desafio das empresas para continuarem se mantendo atrativas da perspectiva de colaboradores das diferentes gerações.

    Termino esse texto te convidando para refletir se você está realmente feliz no atual trabalho. Caso a resposta seja “não”, procure entender o que tem te causado essa insatisfação e considere mudar o rumo da sua carreira. Trabalhar a vida inteira com insatisfação é algo muito prejudicial tanto para a saúde física quanto mental. O receio diante da mudança sempre vai existir, mas, ainda assim, arriscar mudar vale mais a pena do que trabalhar sem propósito.

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