Fenômenos importantes estão em curso neste momento. Vemos mudanças acontecendo em uma velocidade exponencial, novas formas e oportunidades de colaboração. A hiperconectividade se tornou um fator-chave dos fenômenos sociais e qualquer desconforto é compartilhado. Isso se traduz em uma revolução no trabalho nas mesmas proporções que foi a Revolução Industrial no início do século XIX.
Para ter uma ideia, em 2010 as pessoas acumularam dados que poderiam preencher 60 000 bibliotecas do tamanho da biblioteca do Congresso Americano. O YouTube recebe 24 horas de vídeo a cada minuto. E qualquer pessoa pode acompanhar seu histórico de saúde por meio do Google Health. Essas transformações exigem adaptações. No ambiente de trabalho, vivemos um momento de transição, em que achar novos comportamentos aceitos é um desafio. E quem melhor para interpretar e apoiar as companhias do que o profissional de recursos humanos?
Converso com muitos presidentes de empresas e está clara a expectativa deles de que os profissionais de RH tragam e interpretem, sob essa ótica de quem entende de comportamento, temas relacionados a novas tendências, desejos dos funcionários e clientes. Os CEOs estão em busca de executivos de gestão de pessoas que saibam antecipar potenciais conflitos dessa nova era e tratá-los adequadamente.
Muitos deles querem ter ao seu lado profissionais que possam futuramente sentar na sua cadeira de CEO, já que o tema central passa por compreender a sociedade e o ser humano. Faz tempo que não se pode basear uma estratégia corporativa apenas em números e resultados financeiros.
A geração de RHs que está hoje deixando os quadros das organizações fez a lição de casa para que a geração atual seja vista como parte da discussão da estratégia do negócio e se sente à mesa com o primeiro nível da gestão. Isso foi um grande avanço. Acredito que o próximo passo será preparar os executivos de RH para assumirem a posição principal das corporações. A pergunta que fica é: será que os profissionais de recursos humanos estão preparados?
Com relação à parte técnica, acredito que estamos no caminho. Mas ainda tenho dúvidas se eles estão preparados para entender com profundidade esse momento ao qual me referi anteriormente. Precisamos de soluções inovadoras, que se mergulhe a fundo nas consequências dessa revolução.
Uma grande transformação social envolve um novo conceito de liderança, envolve repertório para tratar as informações, preparo para expressar opiniões, capacidade para ler os eventos em curso. Se os gestores de RH forem capazes de entender esse trabalhador da era do conhecimento e das relações verdadeiramente sustentáveis, eles poderão sentar na cadeira que quiserem.
*Este artigo é de autoria de Vicky Bloch, psicóloga, sócia da Vicky Bloch Associados e professora dos cursos de especialização em RH da FGV-SP e da FIA