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Entrevista: Valdemir Bertolo, presidente da Serasa Experian

Sob a gestão do executivo, o negócio capacitou 2 mil pessoas para a atuação no setor de tecnologia – e quer formar outras 3 mil até 2027.

Por Luisa Costa
Atualizado em 7 abr 2025, 11h44 - Publicado em 2 abr 2025, 14h54
Imagem de um homem sorrindo, se apoiando numa cadeira, vestindo terno cinza e camisa preta.
 (Claudio Rossi/VOCÊ RH)
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Valdemir Bertolo assumiu a presidência da Serasa Experian, no começo de 2020. Desde então, a companhia comprou ou investiu em 14 fintechs e startups de outros segmentos, como prevenção a fraudes, agronegócio e seguros. Tanta negociação reflete o esforço da empresa para se tornar mais que um birô de crédito, uma datatech – conceito criado pela própria Serasa para definir negócios que se apoiam em grandes bancos de dados para oferecer soluções tecnológicas.

Mas a companhia não cresceu apenas no portfólio. Também expandiu suas iniciativas relacionadas à responsabilidade social. Se antes organizava pequenas incursões a comunidades de São Carlos (SP) e outras cidades, para doar alimentos e brinquedos em datas comemorativas, hoje mantém um projeto de grande porte, chamado Transforme-se, para capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade social nas áreas de informática, programação e educação financeira – com aulas gratuitas e presenciais em diversas cidades brasileiras. O objetivo da Serasa, que já formou 2 mil pessoas, é impactar outras 3 mil até 2027.

Em entrevista à Você RH, Valdemir fala sobre a trajetória do projeto e afirma que seu objetivo, enquanto CEO, é levar prosperidade para muito mais gente. Confira.

Como surgiu o Transforme-se?

Quando assumi a presidência, passei a provocar a área de responsabilidade social para gerarmos um impacto efetivo na sociedade. É muito bacana ajudar uma comunidade no Natal ou no Dia das Crianças, mas acho que isso dá mais conforto para quem faz [a boa ação] do que para quem recebe. Então, meu desafio era criar algo que realmente transformasse a vida das pessoas. Daí surgiu o Transforme-se. Começamos com um piloto, em 2022, para mulheres; depois atendemos pessoas com deficiência. Mais recentemente, nos juntamos com a Rede Gerando Falcões para expandir o programa. Aos poucos, nós aprendemos a trabalhar com o tema e descobrimos muitas coisas. Agora, ele se tornou nosso principal projeto de trabalho voluntário e um fator importante para o engajamento, o que está muito conectado ao fato de sermos uma empresa com muitos profissionais jovens.

O que vocês descobriram?

O setor de tecnologia tem cerca de 800 mil vagas disponíveis, de acordo com o último levantamento da Brasscom [Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais], mas não formamos mais que 55 mil pessoas por ano para atuar na área. Há um déficit gigantesco de mão de obra capacitada. Descobrimos [conduzindo uma pesquisa] que 48% das pessoas não sabem o que é trabalhar com tecnologia. Desde então, tentamos entender por que isso acontece – e mudar esse paradigma. Com o Transforme-se, percebemos que não era só uma questão técnica. Então, nós ampliamos o escopo do programa. Hoje, ajudamos os alunos a montar currículos e se posicionarem melhor para o mercado, inclusive abordando questões comportamentais e oferecendo apoio psicológico, porque muitas pessoas que atendemos sofrem com a síndrome do impostor, por exemplo.

Vocês também sentem esse déficit de profissionais qualificados?

Muito. Há uma concorrência grande por profissionais capacitados no mercado, e obviamente há dificuldade, em alguns momentos, de você contratar [pessoas com] determinadas especializações. Mas a gente não fez o programa pensando em absorver essa mão de obra. Já formamos 2 mil alunos, e 83% deles se recolocaram no mercado de trabalho. Até agora, a gente contratou 42 dessas pessoas. Deixamos muito claro que os participantes não vão, necessariamente, trabalhar na Serasa. Quisemos desvincular as duas coisas até para não gerar frustração nas pessoas. Mas a gente tem trabalhado muito para ampliar a oferta de oportunidades no mercado. Mais recentemente, fizemos uma parceria com a 99Jobs, por exemplo, criando um banco de talentos para ajudar na colocação profissional dessas pessoas de forma gratuita.

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Imagem de um homem sorrindo, vestindo terno cinza e camisa preta. Ao fundo, uma grande janela de vidro transparecendo outros prédios da cidade.
“Hoje, 95 milhões de pessoas têm o nome na nossa plataforma, e ele não está sujo.” (Claudio Rossi/VOCÊ RH)

Muita gente associava a Serasa com “nome sujo”. Você acha que já conseguiram mudar essa imagem?

Eu acho que sim. Obviamente, muitas pessoas ainda podem brincar, dizendo que “o nome está no Serasa”. Mas, hoje, 95 milhões de pessoas têm o nome na nossa plataforma – e ele não está sujo. Esse ecossistema para o consumidor reúne todas as suas informações financeiras e oferece materiais gratuitos que dão dicas sobre como fazer uma boa gestão das finanças pessoais, melhorar seu score, ter acesso a crédito, negociar suas dívidas… Nós oferecemos, por meio de parceiros, cartão de crédito, empréstimos e, agora, compramos outra companhia [TEx] para oferecer seguros. As pessoas tinham essa imagem da Serasa, pensavam “poxa, a Serasa me negativou”. Primeiro que nós não negativamos ninguém [risos]. Segundo: nós ajudamos as pessoas a renegociar suas dívidas. Então, com certeza, se a nossa imagem não mudou completamente, ela evoluiu muito.

Como é sua relação com o RH da Serasa?

Eu estou dia e noite com o RH, porque a tecnologia é só um habilitador: o que a gente realmente tem para oferecer é a nossa capacidade analítica. Então, nós somos uma empresa de pessoas, e o RH é parte fundamental disso, principalmente ao atrair, desenvolver e reter os melhores talentos; ao criar um ambiente onde as pessoas possam prosperar. Nós já fomos eleitos várias vezes como uma das melhores empresas para trabalhar [pelo Great Place to Work]. Ano passado, ficamos muito bem colocados enquanto empresa para o primeiro emprego e para o público feminino. E tudo isso tem a ver com RH, com nosso esforço de construir um ambiente diverso, inclusivo e cheio de oportunidade para as pessoas se desenvolverem profissionalmente.

Como você definiria o seu estilo de liderança?

Eu procuro ser acessível e ouvir as pessoas para ajustar o rumo da companhia. Também procuro estar próximo dos funcionários: a cada 15 dias tenho um café da manhã de duas horas com profissionais de vários grupos. Já falei com 700 pessoas nesses cafés. Eu tento – e acho que tenho conseguido, modéstia à parte – criar um ambiente em que as pessoas se sintam bem para expressar suas opiniões. Tento mostrar que um CEO nada mais é do que um ser humano qualquer, que precisa da ajuda de vários outros para levar a empresa para o caminho certo. Gosto de me posicionar como uma pessoa simples que trabalhou e trabalha bastante para estar aqui e levar mais gente comigo também, impactar a vida das pessoas.

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Este texto é parte da edição 97 (abril e maio) da Você RH. Clique aqui e confira outros conteúdos da revista impressa.

*Errata: na revista impressa, Alexandre Carvalho consta como o autor desta seção (Olhar do Presidente). Mas quem realizou e editou a entrevista para publicação foi a repórter Luisa Costa.

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