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Por que o RH não está preparado para a transformação digital?

Apenas 30% dos gestores de RH se consideram protagonistas da transformação digital. Aprenda a mudar esse cenário

Por Antonio Salvador e Daniel Castello*
11 dez 2020, 16h20
Foto de pessoa com projeção de dados
 (Unsplash/Unsplash)
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De quanto foi, aproximadamente, o crescimento do e-commerce no Brasil durante a pandemia?

A pergunta foi feita por um de nós durante uma aula em uma renomada escola brasileira de negócios no sexto mês de quarentena. A turma era composta por cerca de trinta business partners de Recursos Humanos. A resposta foi um silêncio incômodo. Ninguém se arriscou a dizer. 

Não foram poucas as empresas que viveram os “dez anos em dez semanas” da transformação digital com a pandemia do novo coronavírus. Todo mundo teve de partir para o online. Por isso, ficamos um tanto surpresos ao notar que líderes de uma área que deveria ser responsável por espalhar a palavra da mudança para todos os outros departamentos não tinham sequer uma pista do número.

Mas trazemos essa indagação com a certeza de que não é exatamente novidade. Infelizmente, são poucos os departamentos de pessoas que realmente entendem do negócio e da estratégia das empresas em que estão instalados. Estudo conduzido pela Mercer este ano com gestores de RH aponta que apenas três em cada dez gestores consideram-se protagonistas da transformação digital nas organizações.

Pensando na estratégia

Há uma série de processos, métricas, documentações e burocracias pelas quais o RH é responsável. Todas importantes. Para muitas dessas tarefas já existem ferramentas digitais e estruturas de organização que podem otimizar a execução, reduzir chances de erros e acelerar procedimentos. Essa digitalização ajuda a diminuir o trabalho mais operacional e a liberar tempo para o time pensar em estratégia e cultura. No entanto, ainda há pouca gente fazendo essa transição.

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Enquanto as áreas de Produto, Tecnologia ou Marketing dividem-se em squads, adotam frameworks para operar com eficiência, fazem teste atrás de teste em busca de melhores resultados, são escassos os exemplos de RH que embarcaram nessa nova forma de trabalhar. São poucos os que entendem exatamente o que é a transformação digital e se capacitam como protagonistas para espalhar essa nova mentalidade nas organizações.

Como porta de entrada, de promoção e de saída, em geral, é o RH que “dita” a cultura. De nada adianta uma empresa querer iniciar ou melhorar sua jornada rumo à transformação digital se ela não tem o departamento que cuida de pessoas ao seu lado, como fiel escudeiro do processo. Ainda menos se o RH atua no sentido oposto ao que essa mudança pressupõe: perpetua processos lentos, é demasiadamente burocrático, hierarquizado e, em plena virada para 2021, não está perto dos números e da estratégia, não conhece o funil de vendas ou a proposta de geração de valor da empresa. A falta de sintonia entre o RH e o resto da companhia pode gerar falta de credibilidade para o processo da transformação digital. Faz com que gestores (que deveriam ser) responsáveis por sua evangelização não possam walk the talk

Mais alinhamento

Uma das premissas da transformação digital é a de que as áreas que formam uma organização caminhem alinhadas. A comunicação entre times deve fluir feito uma orquestra, com todos tocando ao mesmo tempo, mas em sintonia. E todo mundo tem de entender como seu trabalho afeta o negócio, porque só assim conseguirá compreender qual a melhor maneira de executá-lo para gerar os resultados esperados.

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Para estar em sintonia, o RH precisa, primeiro, transformar a si mesmo. Reconsiderar todos os seus processos de atração, contratação, desenvolvimento e retenção. Depois, assumir a vocação de cuidar da experiência das pessoas – enquanto os times de inovação trabalham sempre para melhorar a jornada do cliente, o RH deve aprimorar a jornada do colaborador, um elemento fundamental para reter talentos e gerar promotores da empresa de dentro para fora. 

O RH precisa deixar de ser uma área compartimentalizada e se tornar ativa e atuante entre o todo, buscando e testando referências sobre o futuro. Só assim saberá contratar melhor, orientar a nova e a velha guarda, manter a motivação das equipes, ajustar a linguagem, e por aí vai. A resposta para perguntas como a feita durante a aula que citamos lá em cima deveria estar na ponta da língua dos business partners. Afinal, se eles não estão atentos às movimentações de mercado, falham em sua missão principal: a de saber atrair e desenvolver pessoas capazes de mudar o jogo de uma empresa.

*Antonio Salvador e Daniel Castello são autores do livro Transformação Digital – Uma jornada que vai muito além da tecnologia

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