A HR Tech Plure, antiga “Se candidate, Mulher!”, anunciou o fim de suas atividades. Desde 2020, a startup empregava mulheres e atuava em prol da igualdade de gênero no mercado de trabalho. Para a CEO Jhenyffer Coutinho, era “a empresa certa no momento errado”.
A Plure tentava captar recursos há sete meses, sem sucesso. “No primeiro trimestre [deste ano], enviamos mais de 100 propostas. Mas apenas dois clientes assinaram contratos”, afirma a ex-comandante do negócio (que aparece à direita na foto acima, ao lado da sócia Fernanda Miranda). Para ela, o grande problema foi a “falta de maturidade” do mercado em relação à importância e aos benefícios da diversidade.
A startup começou como um negócio B2C, oferecendo conteúdos educativos para profissionais que tentavam se recolocar no mercado. Em 2022, anunciou sua primeira rodada de investimento, levantou R$ 1,2 milhão e passou a oferecer produtos e serviços para empresas.
O objetivo era conectar tais negócios a profissionais mulheres de áreas diversas, promover educação corporativa e aumentar a diversidade no mercado de trabalho, trabalhando principalmente com recrutamento e seleção. (Foi nessa época que a startup passou por um rebranding e mudou de nome.)
De 2020 para cá, a Plure atendeu mais de 250 mil mulheres, recolocou 30 mil e teve mais de 70 empresas parceiras, como Samarco, Volvo e Ambev. Venceu, por três anos consecutivos, a categoria “impacto social” da premiação Startup Awards, a maior na área da inovação no Brasil.
Jhenyffer, por sua vez, já recebeu (e aceitou) um convite da Gupy, empresa líder em tecnologia para RH, para se tornar sócia e líder na área de pessoas candidatas.
Retrocesso em D&I
A ex-CEO da Plure afirma que, desde 2023, enxerga um retrocesso nas pautas de diversidade e inclusão entre as empresas. Ela defende que algumas companhias relacionam a promoção da igualdade de gênero ao marketing – e, por isso, promovem ações superficiais nessa seara.
“Nem todas as empresas estão dispostas a investir tempo e dinheiro em D&I”, afirma em comunicado à imprensa. “A maioria dos investidores e tomadores de decisão nas empresas não enxergam nossas soluções como algo importante para o negócio, mesmo que os dados provem o contrário.”
Uma pesquisa da McKinsey, publicada ano passado, mostrou que o discurso das companhias em prol da diversidade muitas vezes não se traduz, de fato, em avanços significativos. 70% das organizações expressam a vontade de serem mais inclusivas. Mas menos da metade têm a infraestrutura necessária para concretizar essas aspirações.