essoas são movidas por propósitos diferentes, e entender essas peculiaridades é fundamental para ajudar a desenhar planos de carreira que façam mais sentido para cada um dentro da empresa.
Essa pluralidade de interesses leva as companhias a redefinir seus modelos de gestão. “A relação entre trabalhadores e empresas está mudando radicalmente, forçando os líderes a repensar sua abordagem com as equipes”, afirma Alfredo Pinto, sócio da consultoria Bain & Company. “E nunca houve um momento mais oportuno para fazer isso: o talento está rapidamente se tornando o recurso mais precioso das organizações.”
Para entender essas diferenças, a consultoria definiu dez pontos que influenciam a forma como um profissional faz escolhas na carreira. E elaborou este teste para que as pessoas vejam com qual arquétipo mais se identificam.
As dez dimensões do trabalho
Estas são as principais questões que influenciam as escolhas de carreira, de acordo com a consultoria:
- Quanto da minha identidade e sentido de significado vem do trabalho?
- Quanto meu nível de renda afeta minha felicidade?
- Priorizo investir em um futuro melhor ou me concentro em viver o hoje?
- Quão preocupado estou em ser percebido pelos outros como bem-sucedido?
- Estou disposto a correr riscos para melhorar minha vida?
- Prefiro mudança ou previsibilidade?
- Quanto valorizo estar no controle do meu próprio trabalho?
- Vejo o trabalho essencialmente como um esforço individual ou de equipe?
- Quanta satisfação encontro no processo de aperfeiçoamento do meu ofício?
- Quão importante é para mim fazer uma diferença positiva na sociedade?
Os seis arquétipos profissionais
Segundo um estudo da Bain & Company com 20 mil profissionais em dez países, incluindo o Brasil, apesar das variações individuais nas motivações e no propósito, as pessoas tendem a se identificar com seis padrões principais, ou arquétipos, de acordo com o peso que cada um atribui às dimensões do trabalho. Veja quais são e quais os desafios de cada um. E faça este teste para saber se a sua percepção bate com o resultado:
Os operadores
Encontram significado e valor próprio principalmente fora de seus empregos — veem o trabalho como um meio, e não um fim. Não são particularmente motivados por status ou autonomia e geralmente não procuram se destacar em seu local de trabalho. Tendem a preferir estabilidade e previsibilidade. Assim, têm menos interesse em investir para mudar seu futuro em comparação com outros perfis. Os Operadores são um dos arquétipos mais voltados para a equipe e geralmente veem muitos de seus colegas como amigos. São os profissionais que formam a espinha dorsal da organização.
O DESAFIO: Podem se tornar desengajados e carecer de proatividade.
Os doadores
Encontram significado ao fazer um trabalho que melhora a vida dos outros. Eles são o arquétipo menos movido pelo dinheiro. Geralmente gravitam em torno de profissões de cuidado, como medicina ou ensino, mas também podem prosperar em outras áreas em que exista interação com o público ou ajuda ao próximo. Sua natureza empática normalmente se traduz em um forte espírito de equipe e em estabelecer relacionamentos pessoais profundos no trabalho. Ao mesmo tempo, seu perfil mais cauteloso significa que eles tendem a ser planejadores avançados e que são relativamente hesitantes em aproveitar novas oportunidades à medida que surgem. São altruístas, ajudando a construir a confiança que toda organização precisa para funcionar.
O DESAFIO: Podem ser pouco práticos ou ingênuos.
Os artesãos
Procuram trabalhos que os fascinem ou os inspirem. Eles são motivados pela busca da maestria. Gostam de ser valorizados por sua experiência, embora estejam menos preocupados com o status no sentido mais amplo. Os artesãos normalmente desejam um alto grau de autonomia para praticar seu ofício e, de todos os arquétipos, são os que dão a menor importância à sociabilidade. Embora muitos encontrem um propósito maior no trabalho, trata-se mais de paixão do que de altruísmo. São capazes de resolver até mesmo os desafios mais complexos.
O DESAFIO Eles podem ficar distantes e perder de vista os objetivos maiores.
Os exploradores
Valorizam a liberdade e as experiências. Tendem a viver no presente e procuram carreiras que ofereçam um alto grau de variedade e entusiasmo. Os exploradores dão uma importância acima da média à autonomia. Eles também estão mais dispostos do que outros a trocar segurança por flexibilidade. Normalmente não vinculam o trabalho ao próprio senso de identidade — muitas vezes, exploram várias ocupações durante a vida. Os exploradores tendem a adotar uma abordagem pragmática para o desenvolvimento profissional, obtendo apenas o nível de especialização necessário. Eles se jogam com entusiasmo em qualquer tarefa que lhes seja exigida.
O DESAFIO É preciso tomar cuidado para que não percam a direção nem a convicção.
Os batalhadores
Têm um forte desejo de fazer algo de si mesmos. Eles são motivados pelo sucesso profissional e valorizam o status e a remuneração. São planejadores e podem ser relativamente avessos ao risco, pois optam por caminhos bem definidos. Estão dispostos a tolerar menos variedade de oportunidades, desde que isso esteja a serviço de seus objetivos de longo prazo. Tendem a definir o sucesso em termos relativos e, portanto, podem ser mais competitivos do que a maioria dos outros arquétipos. São disciplinados e transparentes.
O DESAFIO O excesso de competitividade pode prejudicar as relações de confiança e o trabalho em equipe.
Os pioneiros
Estão em uma missão para mudar o mundo. Eles formam opiniões fortes sobre como as coisas deveriam ser e buscam o controle necessário para torná-las realidade. Eles são os mais tolerantes ao risco e orientados para o futuro de todos os arquétipos. Os pioneiros se identificam profundamente com seu trabalho. Sua visão de mundo é mais importante do que qualquer coisa, e eles estão dispostos a fazer grandes sacrifícios pessoais pelo seu propósito. Têm a capacidade de mobilizar sua energia e contagiar os demais para trazer mudanças duradouras.
O DESAFIO Podem ser intransigentes e autoritários.