ensibilizar os líderes para a causa do bem-estar foi uma aposta da rede de laboratórios Dasa para aumentar a felicidade corporativa. Na pandemia, quando viu o estresse bater à porta de seus mais de 50 mil funcionários, especialmente os que estavam na linha de frente da testagem de covid-19, a empresa sentiu a urgência de ampliar programas relacionados ao bem-estar.
O primeiro passo foi medir a temperatura emocional dos funcionários e identificar suas principais queixas. Em 2021, a empresa lançou o Pulso Dasa, uma pesquisa contínua e semanal para entender a percepção das pessoas sobre fatores que impactam o ambiente de trabalho, como estrutura, desenvolvimento e bem-estar. A partir de um link que chega pelo celular, os colaboradores respondem de dez a 12 perguntas, tais como: “Você está bem?”; “Você tem estrutura adequada no seu ambiente de trabalho?”; “Você recebe feedback da sua liderança?”. Com as respostas — com média de 66% de participação — os gestores puderam fazer mudanças para diminuir o estresse do pessoal, como a realocação de equipes sobrecarregadas.
A importância do autoconhecimento
Para a liderança, a rede aplicou a Potentialife, metodologia que auxilia os colaboradores no desenvolvimento do autoconhecimento e na promoção de uma cultura mais positiva dentro da organização. A proposta é estimular individualmente novos hábitos e habilidades de líderes, a partir de cinco pilares que em inglês formam a sigla Sharp: força, saúde, absorção, relações e propósito.
O programa teve um piloto durante a fusão de três áreas em uma diretoria de novos negócios. Para o diretor de novos negócios da Dasa, Marcelo Mearim, responsável pela iniciativa, tratava-se de uma oportunidade para integrar uma equipe que reunia estruturas, chefias e culturas diferentes.
Os 34 líderes sob seu comando foram convocados para participar do treinamento, que teve dez semanas de duração. Toda terça-feira, meia hora antes de o expediente começar, diretores, gerentes e coordenadores reuniram-se em grupos de cinco a sete pessoas, para debater assuntos como engajamento e meditação. Em rodas de conversa, chefes de diferentes níveis hierárquicos podiam conversar sobre temas alheios ao dia a dia corporativo. “Eram discussões ricas sobre assuntos pertinentes ao momento que vivemos. As pessoas se abriam sobre as dificuldades que estavam passando, não só no trabalho”, recorda-se Marcelo. Os resultados apareceram na vida pessoal dos colaboradores: “Teve gente que começou a praticar atividade física, outra disse que emagreceu 5 quilos. Um diretor contou que entendeu que não precisava trabalhar tantas horas para ser produtivo. Eu mesmo mudei a minha rotina. Costumava viajar a trabalho às 6 horas da manhã, para otimizar a minha agenda, mas ficava destruído fisicamente. Comecei a voar um pouco mais tarde para poder descansar direito e percebi uma diferença enorme no bem-estar”, afirma.
Marcelo reconhece que a teoria não é nada fora do comum. Comer bem, dormir bem e praticar um exercício são três regras básicas que ajudam qualquer um a ser mais saudável. No entanto, de alguma forma, o programa ajudou as pessoas a despertarem para isso e, principalmente, entenderem melhor o que é importante para elas.
As mudanças, é claro, se refletiram também na corporação. Um dos diretores implementou uma reunião de agenda positiva toda sexta-feira, às 17 horas, somente para focar os bons acontecimentos, com convidados de outras áreas. Na pesquisa de clima da empresa, a nota da área foi acima da média na Dasa.
Este trecho faz parte de uma reportagem da edição 79 (abril/maio) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante