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Por que sua empresa deveria ter uma licença-paternidade mais longa

Dar aos homens a oportunidade de ficar mais de 5 dias com os filhos é importante em duas frentes: para a igualdade de gênero e manutenção dos talentos

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 10 dez 2020, 20h47 - Publicado em 7 ago 2020, 16h39
 (Kelly Sikkema/Unsplash)
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No Brasil, a licença-paternidade ainda é um tabu. De acordo com uma pesquisa do Talenses Group em parceria com a consultoria Filhos do Currículo feita com 721 entrevistados, embora a maior parte das companhias (71%) adote a licença de cinco dias para os homens cuidarem de seu recém-nascido, apenas 2% oferecem licença-paternidade estendida. Entre as companhias que fazem isso, 79% adotam a de 20 dias e apenas 7% dão mais de dois meses aos pais.

“Ainda existe uma resistência na adesão da licença estendida por parte das empresas. Nove em cada dez entrevistados que não oferecem o benefício dizem que ‘não têm interesse’ ou que ‘não sabe se têm interesse’”, diz o estudo.

Não dar a oportunidade para os pais ficarem com os filhos gera questões sérias – tanto para a sociedade, quanto para as próprias empresas. Socialmente, deixar o cuidado totalmente a cargo das mães prejudica a igualdade de gênero. E, em temos de negócios, não ter essa prática pode impactar a atração de talentos e a qualidade de vida dos funcionários.

Contra a corrente

A Diageo, dona das marcas Johnnie Walker, Ypióca, Smirnoff, é uma exceção. Desde 2019, a companhia implementou a licença parental de seis meses para mulheres e homens.

“Oferecer as mesmas condições reforça uma gestão justa e que prioriza o bem-estar das famílias. Uma gestão de pessoas que leva em consideração o bem-estar e a equidade de gênero é acolhedora e ética”, diz Daniela de Fiori, diretora de relações corporativas da Diageo. “A política de licença familiar ajuda a atrair e reter talentos e tem impacto positivo significativo no engajamento e bem-estar de nossos funcionários, ao minimizar o estresse quando mudanças significativas de vida acontecem.”

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Caminho longo

Para as mães, ficar seis meses fora é mais comum. Mas a mentalidade masculina precisa ser transformada para que os pais compreendam a importância de estar ao lado do bebê durante esse período. Ricardo Santa Rita, gerente regional de vendas da Diageo no Rio de Janeiro, conta que muitos o desestimularam a aceitar a licença quando sua segunda filha, Nina, de três meses, nasceu.

“Sempre que compartilho com amigos e familiares sobre a licença de seis meses, é unânime a preocupação de todos. A grande maioria não me incentivou, dizendo que não deveria ficar tanto tempo fora do trabalho. Isso me fez refletir que não, para as mulheres, não existe essa mesma indagação para as mulheres, por isso, a caminhada para a equidade ainda será longa. Acredito que quanto mais discutirmos sobre o tema, mais as empresas poderão implementar esse benefício, entendendo a importância da licença parental, independentemente da composição familiar”, diz Ricardo.

Em todos os momentos

O mecânico de manutenção, Kelson Souza da Silva, de 35 anos, viveu duas realidades totalmente diferentes. No nascimento de sua primeira filha, Izabelly, ele só pode ficar cinco dias em casa. Mas as coisas mudaram em outubro do ano passado quando, já na Diageo, seu segundo filho, Paulo Victor, veio ao mundo e ele usufruiu do benefício de seis meses.

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“Eu estava lá na primeira vez que meu filho falou ‘papai’, quando ele tomou o primeiro banho, quando o umbigo caiu. Passava as noites em claro sem a preocupação de que no dia seguinte eu teria que ir para o trabalho, mesmo muito cansado”, diz Kelson.

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