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Síndrome de Burnout foi divisor de águas na vida de executivo

Após passar anos sem se desligar do trabalho, Cláudio Hermolin sofreu uma crise que o impossibilitou de fazer tarefas simples como dirigir

Por Letícia Furlan
Atualizado em 10 out 2021, 08h40 - Publicado em 10 out 2021, 07h00
Retrato de Cláudio, vestido com uma camisa branca e um casaco marrom
 (Divulgação/Divulgação)
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Ao pé da letra, a palavra em inglês burnout é utilizada para se referir a algo que deixou de funcionar por exaustão. Na área da saúde, o termo tem ficado cada vez mais popular e se refere não a objetos, mas a pessoas que, de tanto trabalhar e se preocupar com o trabalho, simplesmente “pifam”. Calafrios, formigamento, visão turva, aperto no peito e uma sensação de desmaio foram os sintomas sentidos por Cláudio Hermolin no ano passado, que hoje é presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) e do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), no Rio de Janeiro.

Na época, Cláudio era CEO da Brasil Brokers, uma das maiores imobiliárias do país. À VOCÊ RH, o executivo afirma que, até então, deixava de lado questões pessoais em detrimento do trabalho. “Não fazia atividade física, não me preocupava em me desligar, principalmente nos fins de semana, em ter momentos fora do trabalho, seja com a família, seja com os amigos”, conta. Nos períodos que deveriam ser de folga, ele quase sempre passava conectado ao trabalho seja respondendo a e-mails e mensagens no WhasApp, seja fazendo reuniões com clientes.

Sinais da exaustão

Cláudio passou anos sem dar a atenção devida a outras áreas de sua vida. Foi quando seu corpo não aguentou mais e, quase que literalmente, pifou. Após sentir os sintomas descritos, a primeira preocupação do executivo foi com a sua saúde cardíaca. Ao recorrer ao seu médico, ouviu um conselho que serviria como medida emergencial: descanse.

Foram dias e dias sem sair de casa, com noites mal dormidas, pesadelos e um medo sem explicação que o perseguia. Coisas simples que faziam parte do dia a dia de Cláudio, como dirigir, andar de avião e usar o elevador, tornaram-se impossíveis. O diagnóstico veio logo em seguida: Síndrome de Burnout. Apesar de ser um distúrbio emocional, o problema pode trazer sintomas físicos devido a uma exaustão extrema.

Correr atrás do prejuízo

O tratamento para a síndrome é geralmente feito com terapia, mas pode incluir medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos. Após quatro meses acompanhados de psiquiatra, sessões de análise e meditação, Cláudio começou a reconquistar o controle e voltar a executar tarefas simples, mas antes tão difíceis devido à doença.

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Além dos sintomas sentidos por Cláudio, outros sinais são dores de cabeça frequentes, alterações no apetite, cansaço físico e mental, dificuldade de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança, pressão alta, dores musculares e problemas gastrointestinais. Normalmente eles surgem de forma leve, mas pioram com o passar dos dias. Por isso, é essencial a busca por apoio profissional no início de qualquer que seja o sintoma.

Reformulação da vida

Hoje, Cláudio procura um equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal para que a crise não se repita. “Durante os períodos em que estou em casa, seja em um jantar em família, seja em uma festa, tento me desligar efetivamente. É preciso que você consiga chegar em casa e deixar o celular de lado, que à noite você não o coloque na sua cabeceira, que no final de semana, quando você for sair com amigos, que você o deixe, se possível, em casa”, aconselha. Além disso, o executivo também não abandonou a meditação e procura praticar atividades físicas para se desconectar do trabalho.

Outra mudança foi que, agora, Cláudio se permite demonstrar fragilidade. “Até ter um episódio desses, achamos que somos super-homens, que nada é impossível, que podemos dar conta de tudo”.

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O executivo dividiu sua experiência em seu LinkedIn com o objetivo de deixar uma mensagem para mais pessoas que sofreram, estão sofrendo e que podem vir a sofrer com o burnout. “O corpo sinaliza quando está cansado, mas a cabeça não sinaliza. Portanto, tão importante como fazer exercícios e ter uma alimentação saudável, é que trabalhemos a nossa mente. Seja em momentos de lazer, de férias, lendo um livro ou se desligando totalmente das suas obrigações do dia a dia.”

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