Estrutura organizacional: o que é e como adaptá-la a diversas realidades
Existem vários tipos de estruturas organizacionais e a tendência é que as empresas mudem seus estilos de acordo com as transformações do mercado
A definição tradicional de estrutura organizacional até pouco tempo era “a forma pela qual uma organização expressava a distribuição de responsabilidades, atribuindo poder e autoridade a
cada um dos seus integrantes”, como afirma Eliane Leite, professora e coordenadora do IAG, Escola de Negócios da PUC-Rio. Mas com as mudanças no mundo do trabalho, essa explicação parece não dar mais conta dos significados e atribuições de uma estrutura organizacional: “No século 21, quando pensamos que o contexto dos negócios precisa estar atento aos diferentes desafios da realidade, essa definição ganha novos elementos”, diz Eliane.
O que é estrutura organizacional hoje?
Para a professora Eliane, a estrutura organizacional não perde a atribuição de autoridade e poder, mas sim ganha outros pilares. Ainda mais em um mundo “BANI”, acrônimo em inglês para Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible (Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível), criado pelo antropólogo, autor e futurista norte-americano J. Cascio para explicar a nossa realidade atual. “A definição de estrutura organizacional não elimina o poder, a autoridade e a responsabilidade, mas adiciona questões como motivação, engajamento, colaboração e cooperação, provocando a análise de novas perspectivas para o conceito de liderança e saúde organizacional e tornando a mudança, definitivamente, um processo constante”, conta.
Qual a importância da estrutura organizacional?
Para a estrutura organizacional cumprir seu papel com efetividade, é preciso que genuinamente reflita a cultura da empresa. “A estrutura quando concebida com base nos valores e na cultura organizacional revela uma organização flexível, ágil, inovadora com equipes motivadas e engajadas, que produzem resultados excepcionais, em um ambiente de alta performance”, diz Eliane.
Tipos de estrutura organizacional
Para a professora, existem três tipos de estruturas organizacionais:
- Estrutura hierárquica: desenhada com base nos tradicionais organogramas, agrupa a estrutura ocupacional – ou seja, os “cargos” de uma empresa.
- Estrutura baseada na sociocracia: esse é o caso de estruturas holocráticas, em que o poder está no processo. “Elas funcionam de maneira mais orgânica, onde importa mais o modo como se distribui a autoridade, pois o poder está no processo. Por isso, a governança é um fator essencial e exige a identificação clara de um propósito para que gere engajamento”, diz Eliane.
- Estrutura de processos e prioridades: toma como base uma estrutura hierárquica, mas estabelece estruturas matriciais, muitas vezes temporárias, para entrega de projetos que são prioridades para a empresa. Eliane destaca que essas estruturas podem ser confundidas com holocracia. “Muitas estruturas matriciais parecem ser holocráticas, mas na realidade possuem características distintas, que as diferenciam em essência”.
Como fica a estrutura organizacional na autogestão?
Estruturas holocráticas, que são uma expressão da autogestão, podem e devem ter estruturas organizacionais, a diferença está na distribuição de poder. Para a professora Eliane da PUC-Rio, no entanto, se a empresa tem uma estrutura hierárquica muito forte, é importante ter cautela antes de transformar completamente suas estruturas. “Mais maduro e produtivo para as empresas hierárquicas seria avaliar, com base nos seus valores, cultura e objetivos de negócio, a coexistência de mais de um modelo estrutural, como o chamado Sistema Operacional DUAL, cunhado pelo respeitado teórico John Kotter, no livro Acelere”, diz. A professora ainda explica que esse caminho pode promover uma mudança mais verdadeira na organização: “A decisão por essa opção exigiria um cuidadoso e genuíno processo de mudança organizacional”.
Como serão as estruturas organizacionais no futuro?
Para o futuro do trabalho, Eliane acredita em estruturas organizacionais “camaleônicas”, já que as empresas precisam se tornar adaptáveis às constantes mudanças que o mundo passa e que ainda vai passar. “Cada vez mais vamos precisar ser flexíveis e ágeis. Sabemos que a capacidade de se adaptar rapidamente a novos contextos é fator de sobrevivência. Isso requer leveza e desapego das verdades absolutas”, finaliza.