Comissão, premiação ou bonificação: qual escolher em uma oficina mecânica?
Especialistas da área explicam como manter funcionários engajados e aumentar o faturamento – com estratégias e dicas práticas que vão além do salário.
Não basta vender mais serviços. Para aumentar o faturamento de uma oficina mecânica, os gestores precisam se atentar à organização da equipe, à redução de faltas, ao foco no atendimento ao cliente e, sobretudo, a uma gestão de pessoas estruturada. Com isso, um dilema persiste entre eles: é mais vantajoso pagar comissões ou apostar em bonificações por desempenho?
Segundo especialistas, o modelo ideal depende do perfil do negócio. No entanto, de qualquer maneira precisa estar atrelado a metas claras e resultados coletivos. “Não adianta bonificar sem critério. Isso apenas aumenta os custos da oficina e não garante um engajamento real. O segredo está em ter regras claras, metas objetivas e, acima de tudo, uma cultura que valorize o esforço coletivo”, afirma Simoni Luduvice, contadora com mais de 30 anos de experiência no setor automotivo.
O alerta também vale para o uso da comissão como estratégia de incentivo. Embora seja comum em oficinas, essa escolha pode causar mais prejuízos do que benefícios. “Comissão mal aplicada gera competição entre os funcionários e, se for paga por fora do salário, pode trazer problemas trabalhistas, perda de controle no atendimento e vendas sem propósito, além de desorganizar todo o processo interno”, destaca Simoni.
Já a premiação, quando bem planejada, pode fortalecer a cultura da empresa, porque reconhece comportamentos desejáveis, como organização, comprometimento, limpeza, bom atendimento e produtividade, gerando engajamento sem comprometer o caixa.
É preciso avaliar também outros fatores, como a geração de impostos. Tanto a comissão, quanto a bonificação (se for paga mensalmente), têm natureza salarial, ou seja, vão incidir FGTS, encargos patronais, 13º e férias. Isso não acontece com a premiação – afinal, ela depende do desempenho e não será oferecida mensalmente.
De acordo com Amanda Medeiros, especialista em gestão de oficinas, o primeiro passo para aplicar essas estratégias é identificar o resultado que se deseja alcançar no negócio – por exemplo: “fazer checklist de início na entrada de todos os carros”. Isso feito, o prêmio pode ser entregue.
“Uma premiação bem aplicada fortalece o senso de pertencimento”, defende a especialista. “Quando o time percebe que seu esforço diário é valorizado, o ambiente muda e os resultados aparecem naturalmente.”
A seguir, confira algumas dicas práticas voltadas aos gestores:
- Crie metas objetivas e mensuráveis, com foco em indicadores de produtividade e qualidade.
- Estabeleça um sistema de pontos por desempenho, que possa ser revertido em premiações financeiras ou experiências.
- Ofereça feedbacks constantes para estimular a melhoria contínua.
- Reconheça também comportamentos positivos, como proatividade, organização e bom atendimento.
- Combine salário emocional e recompensa tangível, como folgas programadas, prêmios e plano de crescimento.
- Identifique e premie funcionários do mês a partir de um ranking que considere aspectos como limpeza, produtividade e pontualidade.
- Crie uma tabela com serviços como higienização, alinhamento e troca de filtro, premiando vendas de serviços adicionais.
- Ofereça um bônus de R$ 100, por exemplo, para funcionários que não faltarem ou não se atrasarem durante todo o mês.
Dados da Gallup mostram que equipes com alto engajamento apresentam 21% mais lucratividade e 17% mais produtividade. A consultoria Great Place to Work, por sua vez, aponta que empresas com cultura organizacional sólida têm até quatro vezes mais chances de crescimento sustentável.
“Quando o dono da oficina entende que equipe é investimento, e não gasto, ele sai da rotina de apagar incêndio e começa a construir um negócio de verdade”, defende Amanda.
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