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Melhores práticas: a estratégia da P&G para melhorar os índices de saúde

Com programa global de bem-estar, a P&G conseguiu 6% de desconto no plano de saúde para os funcionários do Brasil

por Hanna Oliveira
J

effrey Pfeffer, professor na Universidade Stanford e autor do livro Morrendo por um
Salário, apontou que empresas chegam a perder 300 bilhões de dólares por ano com problemas de saúde de seus funcionários. A P&G, multinacional dona das marcas Pampers, Ariel e Gillette, costumava engordar essa conta. Presente em três estados no Brasil, a companhia tinha um problema sério: cada localidade possuía orientações próprias de saúde, o que prejudicava tanto os programas quanto os indicadores. A empresa americana sabia que precisava melhorar esses indicadores, ainda mais porque pesquisas conduzidas pela própria P&G, e que foram usadas em estudos acadêmicos, apontavam que a cada dólar que investissem em saúde, as empresas em geral teriam um retorno de 1,30 dólar.

A solução

Para resolver o problema, a P&G criou em 2012 o programa Vibrant Living, projeto global de qualidade de vida que padronizou as práticas — embora permitisse regionalizações. A partir daí a equipe de saúde brasileira foi treinada em diretrizes de cuidados que impactam não apenas os trabalhadores mas seus familiares e suas comunidades. No escopo do projeto, além de cuidados com a saúde física e mental, há preocupação em alinhar o que se diz com o que é, de fato, vivenciado pelos profissionais da multinacional. “Não adianta nossos nutricionistas orientarem o consumo de frutas e os funcionários não encontrarem o alimento no refeitório. Tudo precisa estar conectado”, diz Fernando Akio, gerente médico da P&G. Foi por isso que a companhia construiu, por exemplo, cabines de descanso nos escritórios.

Para que os cuidados não parassem durante a pandemia, já que parte dos funcionários está em home office, a saída foi criar uma programação online em tempo real, que conta com sessões de alongamento de 10 minutos a cada hora trabalhada. Além disso, há aulas virtuais de diferentes atividades físicas das quais o pessoal pode participar quando quiser. E a empresa ainda tem, desde antes da crise da covid-19, um canal no YouTube com conteúdo de saúde aberto para todos. “Dá para fazer atividade física com a família ou com os amigos”, afirma Fernando. Na fábrica, em que o trabalho continua sendo presencial, há um professor para orientar os horários de pausa e a ginástica laboral.

Do ponto de vista do uso do plano de saúde, uma ação que fez bastante diferença nos gastos da P&G foi orientar os empregados a não procurar um pronto-socorro se não estiverem com uma emergência médica, e sim buscar os médicos ambulatoriais. Durante a pandemia, a orientação é priorizar a telemedicina. “Se for um problema que precise de atendimento presencial, o médico indicará um local seguro contra a covid-19. Mapeamos as unidades de saúde com menos risco de transmissão”, explica Fernando.

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O resultado

Com quase dez anos, o Vibrant Living trouxe boas notícias para a multinacional e para os empregados. Em 2021, os funcionários receberam um desconto de 6% no plano de saúde, fruto da diminuição do uso do benefício em anos anteriores. Além disso, a companhia conseguiu um desconto previdenciário de 50% e diminuiu o percentual de afastamentos pelo INSS para 1%.

O índice de presenteísmo — que ocorre quando a pessoa está apenas de corpo presente no trabalho, mas totalmente desconectada das atividades profissionais — era de 10% em 2015 e hoje chegou a uma média de 5%, bem abaixo do indicado pela Organização Mundial da Saúde, que é entre 10% e 21%. Fernando também aponta outro indicador, que nem sempre é possível medir: o cuidado. “Quando a empresa cuida de mim, eu tenho orgulho da empresa”, diz o gerente médico.

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