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Autismo e neurodiversidade: IBM lança grupo de afinidade sobre o tema

Uma das pioneiras na contratação de autistas e outros profissionais neurodiversos, IBM quer ampliar a discussão sobre o tema para derrubar preconceitos

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 12 abr 2021, 10h32 - Publicado em 12 abr 2021, 08h00
Foto mostra um grupo de quatro pessoa, formado por dois homens e duas mulheres, conversando em um ambiente de trabalho.
 (Pexels / Jopwell/Divulgação)
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Um as pioneiras na inclusão de profissionais com autismo e outras neurodiversidades no mercado de trabalho, a IBM está lançando um grupo de afinidade sobre o tema. O objetivo é aumentar a conscientização dos funcionários sobre as variações cerebrais que existem entre as pessoas.

Padrinho do grupo e um dos responsáveis por iniciar a contratação de neurodiversos na IBM, Luciano Faustinoni, diretor de tecnologia para a IBM América Latina, acredita que o projeto vai ajudar a construir uma empresa mais inclusiva, removendo as as barreiras do preconceito e dos vieses e, até, das adequações necessárias em nos processos de trabalho e no ambiente físico. Leia a entrevista completa com o executivo.

Foto mostra retrato de Luciano Faustinoni, CIO para IBM América Latina
Luciano Faustinoni, diretor de tecnologia para IBM América Latina: conscientização sobre o tema e treinamento das lideranças em neurodiversidade (IBM/Divulgação)

Qual é a importância de criar um grupo de afinidades sobre neurodiversidade na empresa?

O grupo de afinidade interno de Neurodiversidade tem o objetivo de ampliar o alcance do tema, através de atividades para a conscientização, a capacitação dos colaboradores, a compreensão da individualidade dos profissionais neurodiversos e a construção da jornada de inclusão. O que ajuda a fortalecer a IBM para executar ações efetivas e melhores práticas de inclusão destes profissionais com a ajuda de novos aliados.

Historicamente, o tema de inclusão sempre esteve no DNA e nos valores da nossa empresa. Como exemplo, em 1934, a IBM recrutou sua primeira profissional mulher e, em 1935, definiu uma política formal de oportunidades iguais entre homens e mulheres, 30 anos antes dos Estados Unidos aprovarem a Lei de Igualdade Salarial.

Na IBM Brasil temos ainda mais seis grupos que discutem e debatem a diversidade: Afro, Mulheres, LGBTQI+, Pessoas com Deficiência, Cross Cultural e Worklife Integration. Os grupos de afinidades são internos e formados por funcionários voluntários para debater assuntos de interesse, compartilhar experiências para ampliar o conhecimento e sugerir ações para promover o respeito e que contribuam para um ambiente mais diverso e inclusivo.

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A IBM foi uma das primeiras companhias a contratar pessoas neurodiversas, como os autistas. Como enxerga esse movimento?

O conceito de Neurodiversidade contempla diversos transtornos ou diferenças neurológicas, como TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), Síndrome de Tourette, entre outras.

Quando iniciamos este programa, buscamos ajuda da Specialisterne, uma consultoria especializada na inclusão de profissionais autistas no mercado de trabalho. À medida que fomos aprendendo mais sobre o tema, percebemos ainda mais a importância da inclusão destes profissionais. Para citar alguns dados, atualmente, 1% da população mundial é autista, no Brasil são aproximadamente 2 milhões e a taxa de desemprego chega a 85% (em idade de trabalho), segundo o IBGE.

Quais foram os aprendizados da primeira contratação até hoje?

Um dos primeiros aprendizados foi compreendermos que o processo tradicional de recrutamento e seleção não funcionaria para estes profissionais. Considerando, por exemplo, os desafios que alguns deles possuem em sociabilização, o formato tradicional de dinâmica de grupo, geralmente aplicada na seleção, era uma barreira.

Desta forma, a Specialisterne foi essencial para que pudéssemos reformular este processo e avaliar os profissionais dentro de suas individualidades. Os ajustes devem ser contínuos. Na segunda onda, por exemplo, adaptamos o modelo para aproximar ainda mais os líderes de cada etapa, que contribuiu na decisão final de seleção e na conscientização dos mesmos.

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A capacitação de nossa liderança e as equipes de trabalho é outro ponto fundamental. Tivemos um cuidado de organizar treinamentos específicos para que nossos profissionais pudessem ter um nível de compreensão do autismo adequado a iniciativa proposta. Adicionalmente, traçamos um planejamento detalhado para acompanhamento especializado dos profissionais autistas e suas respectivas equipes, apoiando em situações específicas e ajustando de forma contínua nosso ambiente organizacional, de modo a incluirmos de fato estes profissionais e não somente integrá-los.

O que podemos fazer para diminuir o preconceito contra os neurodiversos?

Na minha visão, reduzimos preconceito através de conhecimento sobre o tema, em conjunto com a transformação dos ambientes de convívio, respeitando todos e suas respectivas diferenças.

No ambiente corporativo não é diferente e o papel da liderança como agente de mudança é essencial para essa transformação. Além do benefício para sociedade, a diversidade e a inclusão proporcionam resultados de competitividade tangíveis. Trazer pensamentos e visões diferentes são fundamentais para a criação de equipes inovadoras. O convívio com as diferenças, possibilita aprendizados mútuos e gradualmente removem eventuais bloqueios ou preconceitos.

Por isso, é tão importante começar. Dar o primeiro passo. Tem sido assim nossa experiência. A primeira onda de contratação de profissionais autistas foi na área de tecnologia em 2019. Hoje, a IBM Brasil é destaque na inclusão de profissionais neurodiversos e já estamos iniciando a terceira onda, incluindo outros departamentos da companhia. Por fim, com a criação do grupo de afinidades de Neurodiversidade, ganharemos mais aliados para objetivos ainda maiores.

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