Os debates sobre inteligência artificial podem ter conquistado o coração e o Linkedin de muitos de nós, mas o caminho para adotar a tecnologia dentro dos RHs ainda não está tão claro. A pesquisa “Transformação Digital do RH”, realizada pela Think Work e pela Flash, mostrou que a maioria das empresas ainda não se sente preparada para os primeiros passos.
O estudo ouviu 303 profissionais de RH de todo o Brasil, e perguntou quem já usa IA na rotina. Destes, 70% responderam “não” – um total de 213 entrevistados que apontou como principais barreiras a falta de recursos financeiros (28%), de infraestrutura de TI (27%) e de profissionais com expertise (26%).
Talvez mais reveladora, no entanto, seja a quarta posição nesse ranking: 21% disseram que não sabem nem como começar a adotar IA.
Reunimos aqui, portanto, algumas dicas oferecidas pelos realizadores da pesquisa – a Think Work, que recentemente avaliou 30 projetos inovadores de RHs brasileiros que envolviam IA, e a Flash, que oferece soluções para gestão de pessoas e de processos de RH – e pela Software One, consultoria especializada em software e nuvem.
O caminho das pedras
1. Não queira abraçar o mundo – comece pequeno
Explore ferramentas gratuitas disponíveis e conheça possibilidades. Aproveite que já há muita coisa online para testar usos que não eram possíveis antes da popularização da IA generativa. Quando quiser começar pra valer mesmo, dentro da empresa, escolha uma tarefa simples. Um processo repetitivo é uma ótima opção para essa primeira tentativa.
2. Crie uma mínima estrutura de dados
IA se alimenta de dados organizados. Reúna a base que a ajudará a automatizar tarefas e criar conteúdos, seja em documentos de texto ou planilhas. Não precisa ser nada sofisticado – a chave aqui é padronização e organização mesmo.
3. Cuide da privacidade
Dados de colaboradores são sensíveis. Você não gostaria de ver o seu salário ou o do CEO da empresa disponível na internet, certo? Não coloque dados pessoais nem informações estratégicas da empresa em plataformas públicas de IA (as que podemos acessar online apenas com login simples ou email pessoal), porque tudo isso pode ser usado para treinar o algoritmo e (pior) aparecer para alguém em qualquer canto do mundo. Se estiver em uma rede fechada de IA, também é importante manter uma governança sobre o que deve estar ao alcance da inteligência artificial e o que não deve.
4. Ouça as pessoas da empresa
A troca de ideias com outras áreas pode te ajudar a entender que aplicações terão impacto real na eficiência da organização. “Dessa forma, o RH consegue desenvolver projetos conectados com a estratégia do negócio, com o perfil do público interno, com as mudanças que estão por vir”, diz Tatiana Sendin, CEO da Think Work.
5. Tenha um padrinho do projeto
Apoio interno sempre ajuda a dar visibilidade, recursos e feedback.
6. Defina métricas para avaliar o piloto
Decida o que será considerado sucesso, e qual o patamar que determinará se vale a pena ampliar ou replicar o piloto.
7 . Mantenha um ecossistema de apoio
Aproveite o conhecimento da TI da sua empresa, de empresas parceiras e dos fornecedores para entender o que é apenas hype, o que já está operacional no mercado e o que é ideal para o seu caso. “Temos um papel importante de mostrar tanto potencial quanto limitações da IA para os clientes”, afirma Frederico Miranda, diretor de produto da Flash.
8. Bata um papo com o jurídico
A IA colocou todos nós em novos terrenos. Não se esqueça de validar se o tratamento que você quer dar aos dados precisa de um olhar adicional sobre os contratos dos colaboradores, por exemplo.
9. Assuma uma mentalidade digital
Antes de acertar, você vai precisar explorar e aprender. Reaja com rapidez quando for preciso, busque soluções, mas não desista. Lembre-se: estão todos experimentando, exatamente como você.