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João Roncati

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João Roncati é especialista em mudança organizacional, cultura e estratégia e CEO da consultoria People+Strategy
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ChatGPT: o que ou quem vai ser substituído por ele?

Testes com a inteligência artificial mostraram o potencial da tecnologia para tratar de planejamento e estratégia.

Por João Roncati, colunista de VOCÊ RH
21 jun 2023, 15h37
Uma mulher está vestida toda de branco, em um ambiente com uma iluminação arroxeada, e com um óculos de realidade aumentada e fones de ouvido
 (Pexels/Michelangelo Buonarroti/Divulgação)
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E

m meu último texto publicado na VOCÊ RH, avaliamos a resposta que o ChatGPT nos forneceu para o que é a estratégia. Como destaquei no texto, o recurso assombra pela velocidade com que compila informações disponíveis na web. No caso citado, ele não conseguiu nos dar uma resposta clara, conceitualmente atualizada e que ajudasse uma pessoa ou organização.

Mas estou ciente de que estamos usando a versão aberta, e não o ChatGPT4, que promete uma capacidade muito superior.

Outra constatação é que a pesquisa não traz bibliografia, e isso assusta. Como alguém que preza pela autoria conceitual e já lutou contra plágio, eu acho isso complicadíssimo. E, pior, temo, como tantos outros especialistas, que isso vá normatizar o uso de conceitos que, por serem pesquisados ou “pescados” na internet, irão virar de “domínio público”. 

Desta vez, perguntamos ao ChatGPT o que é planejamento. Como meus leitores já sabem, distingo como tantos outros pesquisadores o conceito de estratégia e planejamento.

O que nos trouxe o ChatGPT? Vejamos abaixo:

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Planejamento é o processo de estabelecer objetivos específicos e determinar as ações necessárias para alcançá-los. É uma etapa fundamental na elaboração da estratégia, pois envolve a definição de metas e a identificação dos caminhos para atingi-las.

O planejamento envolve uma análise da situação atual, a definição de metas claras e realistas, a identificação de recursos necessários, a elaboração de um cronograma e a alocação de responsabilidades. Ele se concentra em aspectos mais operacionais e detalhados, enquanto a estratégia abrange uma perspectiva mais ampla e de longo prazo.

Em resumo, o planejamento está relacionado à definição dos passos específicos a serem seguidos para alcançar os objetivos, enquanto a estratégia envolve a visão geral e a coordenação das ações em direção aos objetivos de longo prazo. Ambos são complementares e desempenham papéis importantes no sucesso de um empreendimento.

Bom, caro leitor, a síntese é excelente. Desta vez, há pouquíssimo em reparar. Um empreendedor, jovem líder ou pesquisador que buscasse ajuda aqui a teria encontrado. Muito diferente do conceito de estratégia, que exige considerar a reflexão como ponto de partida (ou seja, é por si só difícil de definir ou conter em um enunciado), o planejamento é apresentado em suas configurações mais importantes. 

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Fomos além e pedimos para que o ChatGPT sintetizasse a resposta em bullets. Novamente, ótima resposta: (1) Análise cuidadosa da situação atual e do ambiente em que se está inserido. (2) Definição clara dos objetivos a serem alcançados. (3) Identificação dos recursos necessários para alcançar os objetivos. (4) Estabelecimento de um cronograma ou sequência de atividades. (5) Alocação de responsabilidades e tarefas entre as pessoas envolvidas. (6) Monitoramento e avaliação contínuos do progresso em relação aos objetivos. (7) Adaptação e ajustes conforme necessário ao longo do tempo.

A resposta é ótima. Quando perguntamos quais têm sido os erros mais frequentes para o planejamento, novamente, pontos muito pertinentes, dada a minha experiência e textos acadêmicos de pesquisa. Inclusive, é possível reconhecer alguns autores pelas frases. Mas, aqui está o problema: quando pedimos para o ChatGPT identificar os autores de referência, veio a resposta temida: Como um modelo de linguagem treinado pela OpenAI, minha resposta é gerada com base em um conjunto diversificado de dados, incluindo livros, artigos, sites e outras fontes disponíveis publicamente. Não tenho acesso direto às informações sobre os autores específicos que foram referenciados para uma definição específica. Minhas respostas são o resultado de um processo de aprendizado de máquina que analisa e sintetiza informações de várias fontes. Portanto, ao fornecer definições e explicações, não estou citando autores específicos, mas sim oferecendo uma síntese do conhecimento geral disponível sobre o assunto.

Quais os limites?

Então, ao mesmo tempo que essa pesquisa nos assombrou pela qualidade, nos entristeceu. Afinal, toda a pesquisa pode ser diluída, sem rosto nem autor, sem esforço reconhecido ou autoria? Não me parece justo.

Escrevo este artigo exatamente ao final de um primeiro dia em que facilitei uma discussão de estratégia com um cliente e estamos entrando no planejamento. Ao longo do dia, me perguntava:O que estamos fazendo aqui, onde uma IA poderia nos substituir?”.

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Atualmente, não tenho dúvida da resposta: em estratégia, muito pouco. Na roteirização do método de planejamento, em quase tudo. Nas organizações de conteúdo e na facilitação para o debate respeitoso de diferentes opiniões, nem chegaria perto. Mas não me iludo e acho que progressivamente as capacidades de IA continuarão a nos assombrar positiva e negativamente.

E, na semana passada, algo aumentou a minha preocupação quando Sam Altman, o CEO da OpenIA que criou e gerencia o ChatGPT, em audiência pública no Senado dos Estados Unidos, pediu aberta e francamente que os legisladores atuem agora e ativamente na regulação da inteligência artificial. Isso porque as suas potencialidades crescem em uma velocidade vertiginosa. 

Diante disso, o que pensar, meus caros leitores?

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