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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group

Você é um profissional slash?

O termo citado pela escritora Marci Alboher em seu livro “Uma pessoa, Múltiplas carreiras” para traduzir o profissional múltiplo. Saiba se é o seu caso

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 16 Maio 2023, 16h38 - Publicado em 15 Maio 2023, 14h46
Uma mulher fala ao telefone enquanto faz anotações em um caderno. Ela usa uma camisa amarela e é loira
 (Pexels/ SHVETS production/Divulgação)
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ara quem não sabe, slash é aquele símbolo de barra inclinada para a direita (“/“). Ele é muito usado para separar palavras e também comum de ser encontrado nas descrições dos perfis de LinkedIn. Em geral, na rede social profissional, no campo abaixo do nome, os profissionais mencionam diversos cargos-chave que os descrevem, separando as palavras por slash. O termo “profissional slash” foi criado pela escritora Marci Alboher e está mencionado em seu livro “Uma pessoa, Múltiplas carreiras” (One Person, Multiple Careers, em inglês).

Marci defende que as pessoas vão mudar de carreira diversas vezes ao longo da vida profissional e que, por diferentes motivos, alguns profissionais têm mais de uma ocupação simultaneamente. Pode existir uma profissão principal que seja o ganha pão da pessoa. Mas ela pode atuar por paixão em diversas outras frentes.

Quantas pessoas que você conhece trabalham no mundo corporativo e, nas horas vagas, atuam como fotógrafas, escritoras, cozinheiras, blogueiras ou artistas de teatro, entre tantas outras funções? Fazem isso por necessidade financeira, por prazer ou pelo sonho de quem sabe um dia mudar de carreira. Independentemente da motivação, o que vejo é que muitas dessas se sentem perdidas diante das perguntas “o que você faz?” ou “qual é a sua profissão?”.

Noto que isso tem acontecido porque cada vez mais as pessoas estão em busca de realização profissional, querem trabalhar por um propósito, uma paixão, por algo além da recompensa financeira. Muitas, assim como eu, começaram a se dar conta de que deveríamos medir tudo o que fazemos pela “quantidade de tempo de vida que tal atividade irá consumir”. Como resultado, as pessoas têm se arriscado a tentar coisas novas, a fazer mais coisas que gostam.

Hoje em dia, inclusive, o mundo corporativo permite que sejamos especialistas ou generalistas. Para aqueles que optam por ser generalistas, quanto mais áreas diferentes explorarem em uma espécie de job rotations será melhor. O formato de trabalhar em grupos multifuncionais, como os famosos squads na metodologia ágil, por exemplo, permite que exploremos diferentes caminhos profissionais.

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O resultado dessa experiência é, muitas vezes, uma visão de mercado e do mundo corporativo bastante completa, inclusive com o desenvolvimento da habilidade de avaliar a mesma situação por diferentes perspectivas.

Use estratégias para se apresentar

Mencionar diversas profissões diferentes no descritivo do LinkedIn ou em um mesmo currículo pode confundir as pessoas. É preciso expor as informações de maneira estratégica para transmitir a mensagem de alguém com múltiplas habilidades e não de uma pessoa que não tem foco profissional.

No LinkedIn, o ideal é destacar a posição principal e, na linha do tempo das experiências, mencionar funções que podem agregar valor para a carreira em questão. Já no currículo, em vez de citar disponibilidade para ocupar diferentes cargos, a melhor opção é ter algumas versões do documento, sendo uma para cada posição de atuação almejada.

Entendo que algumas pessoas de fato têm habilidades excepcionais para desempenhar simultaneamente diversas profissões. Mas arrisco dizer que não é o que ocorre com a maioria das pessoas. Por isso, eleger um objetivo que tenha mais a ver com suas habilidades e experiências é o ideal.

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Um exemplo pessoal

Hoje, por exemplo, a minha profissão principal é ser diretora da Talenses Group, empresa de recrutamento especializado. Mas eu poderia colocar no descritivo que sou mãe de três meninos se eu quisesse humanizar um pouco mais o meu perfil —, engenheira para evidenciar minha habilidade de raciocinar logicamente —, e colunista da VOCÊ RH, que reflete minha paixão por escrever sobre carreiras, processos seletivos e mercado de trabalho.

O que eu fiz na prática? Mantenho no LinkedIn as atividades como headhunter, diretora da Talenses e colunista da VOCÊ RH. Omiti, porém, o meu título de engenheira, pois, na prática, não atuo mais em áreas técnicas da engenharia. Não mencionei detalhes sobre maternidade, porque acredito que os meus anos dedicados a conectar quem precisa de um colaborador e quem procura por uma oportunidade já traduz a minha preocupação e o meu cuidado com as pessoas.

Usei essa estratégia para dar foco ao que quero destacar. Recomendo que você faça o mesmo. Avalie, entre as suas habilidades, quais você deseja destacar diante das pessoas que podem te acessar pelo LinkedIn ou daquelas que vão receber o seu currículo. Vale destacar que, hoje em dia, o LinkedIn é uma das primeiras fontes de consulta de informações por parte das pessoas que desejam entender o histórico de carreira de alguém. Quando se trata do currículo, recomendo personalizar o documento para cada vaga almejada.

É possível mudar de área dentro da mesma companhia

Caso você tenha o desejo de fazer uma transição de carreira, saiba que é mais fácil mudar de área dentro da própria empresa ou do grupo de atuação do que fazer a transição migrando para outra organização. Essa facilidade se dá pelo fato de que, na empresa atual, os líderes e pares já conhecerem as suas habilidades comportamentais e capacidades de aprendizagem e desenvolvimento.

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Ser um profissional slash pode ser algo muito bom, pois exige que a pessoa trabalhe os dois lados do cérebro, exercitando racionalidade, lógica e criatividade. Mas, pelo bem da sua empregabilidade, é bom ter sempre em mente um foco principal, tanto no descritivo do LinkedIn, quanto no preenchimento do currículo ou ao estabelecer um plano de carreira.

É ótimo ter um sonho e lutar por ele. Mas precisamos ser sinceros com nós mesmos quanto às habilidades que possuímos para desempenhar tal função e as opções existentes no mercado. Quando não se tem essa visão realista da situação, corre-se o risco de viver como o Lula Molusco do desenho do Bob Esponja. Ele trabalha no caixa do Siri Cascudo, mas vive chateado porque, na verdade, sonha em ser um músico de clarinete. A questão é que, no desenho animado, ele, definitivamente, não tem talento para o instrumento musical.

E quanto a você? Quais papéis profissionais você desempenha? Quais sonhos podem se tornar realidade? Quais temas você precisa saber mais? Será que seu LinkedIn ou currículo merecem alguma revisão? Essa é a hora de avaliar.

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