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Ana Carolina Souza

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Neurocientista e sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa na área de neurociência organizacional

Troque a lista de objetivos pela automotivação

Listas são feitas para cumprir um ritual que apenas arranha a superfície de algo que poderia ser um bom exercício de autoconhecimento

Por Ana Carolina Souza, colunista de VOCÊ RH
1 fev 2023, 18h11
Uma mulher está de costas para a foto, mas de frente para o mar. Ela está de cabelos soltos, braços abertos e com um vestido branco
 (Pexels/Oleksandr Pidvalnyi/Divulgação)
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C

omo tem sido o início de 2023 para você? Por aqui, o recesso foi bom para me desconectar um pouco e recarregar as energias, mas confesso que faltou tempo para fazer os planos e metas que irão nortear minhas escolhas este ano. Aliás, o tempo é algo que parece estar sempre aquém das nossas expectativas, não é verdade? Por isso mesmo, ter clareza dos meus objetivos e prioridades a cada ano é algo que considero fundamental para manter o foco e garantir meu bem-estar.

Andei refletindo a respeito de como poderia potencializar ainda mais esse processo e me dei conta de que a antiga lista de objetivos talvez já esteja ficando batida. Primeiro, pois já sabemos que dificilmente iremos alcançar todos ou mesmo a maioria desses objetivos. Segundo, pois percebo que essas listas são feitas para cumprir um ritual, que apenas arranha a superfície do que poderia ser um bom exercício de autoconhecimento. Além do mais, muitas dicas já foram passadas a respeito de como criar objetivos mais factíveis e de como sustentar de forma mais eficiente o processo de gestão de mudança. Então o que mais podemos fazer de diferente?

Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo de 20 anos estudando neurociência é que a motivação é o processo principal que direciona nosso comportamento. Considerada uma resposta automática e inconsciente, hoje sabemos que a motivação é peça-chave para desenvolver a criatividade, aumentar o bem-estar, a performance e ainda promover a gestão de mudança de forma mais eficiente. Se esse processo é tão relevante em nossas vidas, por que não o incluir também como parte dos rituais de início de ano?

Para isso, gostaria de sugerir um exercício simples que pode ajudar a encontrar uma boa motivação para servir como um norte para escolha de seus objetivos, ou mesmo para promover maior engajamento junto à sua equipe.

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Para você (exercício individual): Escreva em uma folha de papel o que você gostaria que acontecesse este ano. Pense em um único objetivo. Agora leia o que você escreveu e responda logo abaixo: Por que isso é importante para você? Em seguida, leia a sua segunda resposta e repita a pergunta mais uma vez: Por que isso é importante? A esta altura você deve ter 3 respostas diferentes escritas na folha de papel. Pois bem, repita o processo até que você tenha no total 6 respostas diferentes. Todas às vezes, faça a mesma pergunta: Por que isso é importante?

Observe atentamente a sua última resposta e identifique aquilo que é mais importante para você hoje. Talvez perceba que deseja ter mais tempo junto à família, cuidar de sua saúde ou que tem uma nova ambição profissional. Agora, tendo maior clareza de qual é a sua principal motivação, revise (ou crie) seus objetivos de ano novo. Quais estão conectados com o que realmente quer? Quais objetivos te ajudam a chegar lá ou te permitem viver o que deseja? Esses são os objetivos que você deve priorizar, aqueles aos quais terá naturalmente mais engajamento e, por isso, têm mais chance de serem alcançados.

Para sua equipe (exercício em grupo): Essa mesma prática pode ser adaptada para promover uma ação diferente junto à sua equipe. Todos os anos são definidos novos objetivos estratégicos e metas para as organizações, informações que são posteriormente cascateadas em um processo top-down para diferentes grupos dentro da empresa. Mas a verdade é que esses objetivos não são necessariamente capazes de gerar uma resposta de motivação nos colaboradores. Claro que, neste caso, não estou sugerindo o abandono da lista de objetivos da organização! Mas que tal tentar conectá-los às motivações da própria equipe e às suas?

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Reúna seu time e explique que você gostaria de conhecê-los melhor e compreender o que os motiva na relação com o trabalho. Entregue a todos papel e caneta, e oriente-os para seguir o passo a passo do exercício individual acima. Ao final, compartilhe com o grupo a sua última resposta e incentive que todos façam o mesmo. Deixe todos livres para falar apenas o que se sentirem confortáveis. Enquanto estiverem conversando, procurem a sinergia entre os diferentes motivadores encontrados. Será que as pessoas têm desejos semelhantes? Em seguida, reflitam a respeito de como os objetivos da empresa podem estar conectados com as motivações da equipe. Ainda que essa relação entre os interesses da empresa e os da equipe seja distante, esse tipo de ação favorece a empatia e estimula o senso de pertencimento, o que também ajuda no engajamento.

Muitas vezes, observamos que essas reflexões começam com respostas como “Desejo ganhar mais dinheiro” ou “Desejo uma promoção”, mas conforme nos permitimos refletir mais profundamente a respeito de por que isso é importante, percebemos que, no fundo, o que queremos é mais tempo livre, apreciar os prazeres da vida ou mesmo ser reconhecidos. E é justamente quando entendemos melhor o que nos motiva que somos capazes de identificar o que chamo de drivers motivacionais. Esses drivers podem ser tanto positivos quanto negativos e estão por trás de grande parte das nossas atitudes e comportamentos dentro e fora do ambiente de trabalho.

Meu desejo para você neste novo ano que se inicia é que possa estar mais em contato com seus drivers motivacionais positivos e que crie objetivos realmente engajantes, capazes de transformar sua realidade!

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