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Edwiges Parra

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Psicóloga e professora de educação executiva da FGV, especialista em saúde mental corporativa e dependências tecnológicas

Burnout: como RHs e psicólogos podem fortalecer a própria saúde mental

A pressão por cuidar dos outros e o contato com temas como instabilidades emocionais, demissões e assédio, afetam a saúde mental de RHs e psicólogos

Por Edwiges Parra, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 12 jun 2021, 08h56 - Publicado em 11 jun 2021, 14h26
Imagem mostra mulher loira, cansada
 (Pexels / Tima Miroshnichenko/Divulgação)
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Já diz o ditado o popular que “santo de casa não faz milagres”. Pois é. Confesso para vocês que fazer essa coluna foi algo desafiador, pois precisei pesquisar bastante para colher alguns dados importantes para o conhecimento de vocês, além disso, fazer uma dedicada autorreflexão.

No contexto atual, torna-se relevante investigar as problemáticas que envolvem o estado psicoemocional dos Psicólogos dos profissionais de Recursos Humanos que, pela natureza do trabalho, lidam diariamente com pessoas com diferentes perspectivas e responsabilidades.

Pontos de atenção para a saúde mental de psicólogos e RHs

O estado mental e a saúde do psicólogo são determinantes para que o profissional consiga fornecer apoio e atender as demandas dos pacientes de forma saudável e com bom desempenho. O mesmo vale para o RH. Mas considerando que a saúde física e psicológica são aspectos importantes para quem lida com pessoas, quais são os principais fatores que desencadeiam o esgotamento profissional em psicólogos e profissionais de RH?

Na área e psicologia, o estresse aparece associado a fatores como: grande demanda de trabalho direto com pessoas, ética e alto nível de responsabilidade. Nos profissionais de recursos humanos, que são responsáveis por desenvolver, implantar e gerenciar diferentes práticas administrativas que envolvem e impactam, de modo direto e indireto, a maioria das pessoas da organização, há pressões e em certos casos assédios morais que prejudicam não apenas sua saúde mental, mas também dos profissionais por ele atendidos.

Então, como atender o outro, gerenciar a própria carreira, avaliar boas e más práticas das lideranças, entre outros temas, se muitas vezes é o próprio trabalhador de Recursos Humanos quem sofre tal problema?

O que gera estresse nesses profissionais?

Apesar de a Síndrome de Burnout ter ganhado mais visibilidade nos últimos tempos, sendo citada pelo Ministério da Saúde, INSS, mas que, ainda assim, parece pouco pensada em âmbito nos Psicólogos e profissionais de Recursos Humanos – talvez porque as dificuldades que emergem do trabalho sejam, em diferentes épocas e contextos, naturalizadas como se fossem parte inerente das atividades do trabalho.

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No caso dos psicólogos,a falta de pesquisa sobre esse tema está relacionada ao fato do trabalho ser, especificamente, cuidar do outro a todo o momento, como indicam os pesquisadores Medeiros, Nunes e Melo (2012).

Além disso, questões como a diversidade e a repetição de tarefas exigem que haja criatividade para envolver-se e criar vínculos, além de grande responsabilidade por estar cuidando e ajudando o outro em sua vida. (ARAÚJO; GRAÇA, 2003).

Outros fatores a serem considerados como elementos estressores são: competitividade no mercado, busca por sucesso, segurança pessoa e econômica, visto que a profissão foi durante muitos anos (desde 1958) foi pouco valorizada da sua importância.

O fator pessoas

De acordo com Schimidt e Diestel (2014), profissionais que realizam atividades que envolvem outras pessoas, como psicólogos e RHs, exercem um trabalho que lidam com a vida e as emoções dos outros. Por isso, estão mais expostos a um grande nível de tensão, que por sua vez pode se tornar prejudicial à saúde. Incluo o profissional de RH, salvaguardando as devidas diferenças.

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Além disso, o trabalho do psicólogo em saúde mental envolve valores, expectativas mútuas, objetivos, esforços desejos, cumplicidade, confiança, engajamento e estabelecimento de vínculos (afetividade) para um bom processo terapêutico.

Não tem como não considerar que, devido às grandes mudanças políticas, econômicas, sociais e de saúde, impactam o desempenho dos profissionais. Afinal, essas transformações estão associadas a grandes cobranças, esperanças e expectativas, influenciando para o aumento do estresse organizacional.Por isso, investir no conhecimento de si mesmo é algo não só necessário, mas essencial para a própria sobrevivência.

No caso dos psicólogos, há outro ponto: a demanda psicológica está envolvida por uma intensa carga de expectativas emocionais, o que exige maior e intensa proximidade com o paciente — e isso, na maioria das vezes, tem o profissional como base e apoio para todas as situações. Logo, o psicólogo se sente responsável pelas vivências do seu cliente e isto pode ser um fator que assuma um peso preponderante para o psicólogo gerar a síndrome de burnout.

O que desencadeia a síndrome de burnout em psicólogos e RHs?

Há variações com relação ao tipo e variável de sintomas, mas os principais fatores são:

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  • Diversidade e repetição de tarefas
  • Competitividade e busca por segurança pessoal e econômica
  • Valores, expectativas, objetivos mútuos, esforços, desejos, confiança, engajamento
  • Expectativa idealizada
  • Contato por um longo período com pessoas com transtornos mentais
  • Responsabilidade com a vida do paciente
  • Grande nível de atenção com cliente/paciente
  • Constância da relação terapêutica
  • Agendamentos, dúvidas profissionais e envolvimento excessivo no trabalho
  • Demanda a curto espaço de tempo
  • Perda do controle de atividades e atendimentos

Quais são os sintomas da síndrome de burnout?

Os sintomas mais recorrentes, de acordo com diversas literaturas (MASLACH; GOLDBERG, 1998; CARLOTTO,2002; TRIGO; TENG; HALLAK, 2007) são:

  • Exaustão emocional e despersonalização
  • Esgotamento físico e emocional
  • Sensação de não conseguir desenvolver suas funções
  • Atitudes negativas
  • Indiferença afetiva
  • Falta de realização pessoal no trabalho
  • Irritabilidade
  • Tensão
  • Ansiedade ou tristeza
  • Insônia
  • Problemas de pele
  • Dores de cabeça
  • Hipertensão
  • Fadiga muscular
  • Disfunção sexual
  • Imunodeficiência
  • Problemas gastrointestinais
  • Alterações menstruais.

Como você está se sentindo?

Após ler diversos livros e artigos científicos sobre o tema, destaco que pesquisas relacionadas a saúde do psicólogo são escassas no Brasil. Há poucos estudos para ajudar e contribuir para melhorias para as classes em todas as áreas de sua atuação: hospitalar, clínico, educacional e organizacional.

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Tal cenário também se aplica ao profissional de Recursos Humanos, uma vez que este assume o papel de zelar pelas práticas organizacionais e está presente nos planejamentos estratégicos, na realização de tarefas operacionais, no desenvolvimento de políticas e procedimentos, na construção da cultura organizacional, no desenvolvimento de talentos e em ações de qualidade de vida. Além de lidar com situações de crises como greve, assédio moral, sexual e intolerância, por exemplo, temáticas que comprometem a saúde mental.

Por isso, precisamos criar uma agenda de pesquisas, fóruns e debates sobre essa temática para este público, visando dar maior relevância e visibilidade para esse tema. Com esse intuito, proponho uma pesquisa preliminar de percepção voltada para Psicólogos e Profissionais de Recursos Humanos (acesse aqui), com a finalidade de termos um termômetro como anda a saúde mental desta população, a partir da percepção de individual de cada respondente.

Participe da pesquisa, pois vamos compartilhar o resultado deste material com todos vocês e seguiremos nos aprofundamentos de outras mais que se seguirão daqui para frente.

E lembre-se: você precisa se cuidar com compromisso e engajamento para que possa exercer sua profissão com competência e plenitude e tenha uma vida saudável e feliz.

Assinatura Edwiges Parra
(VOCÊ RH/Divulgação)
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