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Diana Gabanyi

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CEO da The School of Life

Adaptabilidade: como e por que devemos desenvolver essa habilidade

As mudanças são inevitáveis, mas nossa capacidade de nos relacionar com as transformações é treinável e pode sempre melhorar. Saiba como fazer isso

Por Diana Gabanyi, colunista de VOCÊ RH
12 jan 2021, 09h18
Foto de camaleão se camuflando em árvore
 (Egor / Pexels/Divulgação)
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Imagine que você está trabalhando e de repente recebe um e-mail com o assunto “grandes mudanças na empresa”. Qual é a sua primeira emoção? Medo, empolgação ou indiferença? Essa pergunta faz parte de um dos workshops da The School of Life (TSOL) e eu confesso que já atribuí a ela diferentes respostas, dependendo do momento em que eu estava vivendo. Também noto sempre que a opinião dos participantes de cada turma do curso varia bastante.

A verdade é que, mesmo querendo parecer otimista, em um primeiro momento, a grande maioria das pessoas tende a responder “medo”, inclusive eu. Acredito que essa resposta seja impulsionada por algumas dúvidas, como: “Será que vou conseguir me adaptar à mudança?”; “Será que haverá espaço para mim nesse novo momento da organização?”; ou “Será que vai dar certo?”.

Vivemos a era da adaptabilidade

Em 2020, testemunhamos mudanças radicais no mundo do trabalho, como não víamos há muitas gerações. Em questão de meses, as empresas de todos os países tiveram que se ajustar rapidamente a formas inteiramente novas de trabalhar, com desafios operacionais e psicológicos para todos, tanto colaboradores quanto líderes empresariais. As opções que tínhamos eram bastante delicadas: nos adaptar ou encarar a extinção.

Ao que parece, ainda viveremos tempos de constantes adaptações. Mas, se você reparar, a pandemia não é o único fator que nos impulsiona. Existe outra questão mais simples e parte do processo de viver: nada fica parado, tudo ao nosso redor está sempre mudando, ainda que as velocidades variem. Compreensivelmente, essa realidade pode nos deixar um pouco nervosos. Uma mudança pode ser muito emocionante, mas também pode ser um pouco assustadora. Eu mesma já fui bem mais resistente a mudanças.

A importância de focar no que é real

Se olharmos para trás, na História, o ideal sempre foi a estabilidade e a segurança. Antigamente, as mudanças eram lentas, os negócios eram passados de geração para geração e raramente havia uma novidade tecnológica. Mas, de algumas décadas para cá, as mudanças são constantes e por mais que estejamos confortavelmente envolvidos em um projeto que vai muito bem em uma empresa líder de mercado, surfando a onda de um sucesso, a mudança vai chegar.

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Depois de tanto resistir, entendi que o que me fazia ter essa reação diante do novo era o desconforto emocional que a mudança gerava em mim. Afinal, dá trabalho, e transitar por um novo terreno sempre envolve algum risco de falharmos. Deixei boas oportunidades passarem em épocas importantes, vendo a mudança diante dos meus olhos, mas me sentindo paralisada e, por vezes, olhando para a questão errada: a ameaça falsa, em vez de mirar na ameaça real.

Ao longo dos tempos, fui aprendendo a resistir menos às mudanças. Lembro de um caso específico, há alguns anos, em uma reunião em Londres, na sede da The School of Life, quando nos apresentaram um novo currículo de workshops para empresas. Todos os países nos quais a TSOL tem uma unidade estavam trabalhando há pouco com a escola. Diante da apresentação da novidade, houve quase uma revolta geral. Afinal, depois de um começo difícil e suado – comum ao empreendedorismo -, todos os diretores das unidades estavam, finalmente, em um momento estável, colhendo os frutos de dois ou três anos de imersão no negócio. Na prática, fomos desafiados a reconstruir os cursos corporativos do zero.

Os ânimos ficaram exaltados na reunião. Foi então que minha sócia, Jackie de Botton, se levantou e propôs: “Vamos ouvir e vamos testar. Se alguém chegasse aqui com uma máquina muito mais potente do que alguma que já utilizamos e que fosse gerar benefícios claros, nós gostaríamos de trocar de equipamento ou ficaríamos com o antigo só porque, no momento, ele segue funcionando bem?” Todo mundo parou, pensou e, ainda que com certa contrariedade, se permitiu experimentar o novo.

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Depois, já de volta ao Brasil, consideramos que, na verdade, todos os diretores – incluindo nós – estavam com medo do trabalho que daria – e deu – toda aquela mudança. Tínhamos também receio da reação da equipe diante da novidade. Mas sentíamos tudo isso por estarmos apenas olhando para um lado da questão, ou seja, a dificuldade, e não para os benefícios que viriam com ela. E eles vieram. Essa mudança, aliás, acabou sendo um dos marcos na história da TSOL.

Somos capazes de nos adaptar

Divido essa experiência pessoal para mostrar que o primeiro passo diante de uma mudança é nos abrirmos para ela, para as possibilidades de adaptação. Especificamente no mundo corporativo, minha experiência como profissional e no contato com profissionais de diferentes níveis hierárquicos me dão segurança para afirmar que a mudança vai acontecer, se não hoje, em breve. É melhor estarmos abertos, sabendo identificar, quando houver resistência, onde está a questão psicológica e encontrar o nosso lugar em meio às transformações.

A mudança é inevitável, mas a nossa capacidade de nos relacionarmos com ela é treinável e pode sempre se tornar melhor. Todos nós podemos nos adaptar e crescer. Apesar de estarmos todos cansados e esgotados, não há momento melhor para isso do que agora, diante de uma mudança universal.

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São momentos como esse em que somos forçados a mudar planos, hábitos ou rotinas que é fundamental colocar em prática a inteligência emocional. Só ela nos torna capazes de encarar nossos desafios do futuro com paciência, criatividade, imaginação e muita adaptabilidade.

Diana Gabanyi
(imagem/Divulgação)
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